Saltar a navegação

Category Archives: A Divina Comédia

É perfeitamente possível ser razoável na letra

Mas uma lástima na vida

Ou melhor [sic]

É perfeitamente razoável ser possível na letra

E não ter vida nem a título de lástima

Ou melhor [sic]

É possível ter razão perfeita na vida

E não ter lástima nem a título de letra

Etc.

Afundado em mim, como num buraco-negro, apenas um ódio ainda figurava aqui: não o teu contorcionismo, nem teu contorcionismo retórico, e sim essa praga, quase inominável, insuportável, IM-PER-DO-Á-VEL.

Apenas teu anglicismo horroroso para me injetar algum ânimo no peito e me fazer levantar da cama.

Acordei em susto porque estávamos no meio de uma pequena crise doméstica. A ironia é que a realidade imite os sonhos.

O amor é uma flor frouxa

Que brota, cresce, às vezes morre

Na fértil seara de corações trouxas

 

Somos todos trouxas, menos você

Com coração mais sagaz

Da ironia rapaz

E as pernas sempre abertas em V

 

A estultícia é aprazível a quem se lhe entrega

Disso bem sabem os espertos ferinos

Mas, da dor e da partilha alheia inquilinos,

Sequer alcançam o jogo dessa gente brega

 

Pra você da arquibancada, jogando ovo,

Vaiando, aqui proponho (resta-um) um jogo:

Palma da mão olhando

Das laterais ao centro, em pares, dedos guardando

 

Larga de ser cuzão

Amor tem regra não

Cabe muita alegria e tesão

às vezes eu digo que ex’s são coisas que vêm do inferno. hoje, porém, eu me coloquei na posição de que para lá é que eu deveria ir. e acho difícil que se reverta. a velha tese que sustento de que todo signo é irreversível… mas talvez, apenas talvez seja remediável.

, e eu sinto que as coisas se sucedem umas após as outras, como se os fatos antecedentes, os sucessivos, e sucessivos, e sucessivos, sem dor, pois no paraíso não se sente dor, não é mesmo?, sucedendo-se ininterruptamente a ponto de eu não saber mais se já me viciei nas passagens, se para mim o que importa é a sucessão e não os eventos, e isso dói porque eu nem fatos quero, só queria estar-com enquanto tudo me parece em estado infindável de vírgula.

ou melhor:,

legenda: basta digitar “kitsch” na busca de imagens da google para se ter uma boa ideia do que poderia ser a estampa da bandeira dos defensores da pós-modernidade.

imagem:

interpretação: you bastards!!

“Berge ruhn, von Sternen überpraechtigt;
aber auch in ihnen flimmert Zeit.
Ach, in meinem wilden Herzen nachtigt
obdachlos die Unvergaenglichkeit.”

Rainer Maria Rilke

(ou: “da distinção social e das coisas sidas que hoje seriam condenadas pelos outros”)

será que para me distinguir, além do esmero com a escrita, terei que amar o bush, mandar “beijo no coração”, voltar às telenovelas, virar kantiano, centro-direitista, defender o “sertanejo” (e ponha-se aspas nisso!), entender a vera fischer e o joão gilberto, comprar a discografia do zeca pagodinho, achar que a moral se perdeu e que é necessário fortalecer as bases sólidas da educação familiar nos moldes TFP, dizer que mozart envenenou SIM o salieri!, será, meu deus, será que terei que virar católico renovado carismático e amar o papa!, virar vegetariano ou o contrário, achar que a melhor aquisição da ABL foi o paulo coelho, aderir à semiótica peirceana, assinar a veja, será??

meu deus, onde é que foram parar os ideais de aristocracia? talvez eu sinta uma saudade, típico bucolismo de quem nunca foi ao campo (semelhante ao parnasianismo – esses brasileiros falando de musas, que coisa singular… – e isso porque dizem que a pós-modernidade começou no século XX. “aham. sei.”), talvez eu tenha essa saudade disso que eu chamaria de belle époque em que ao menos eu poderia achar facilmente uma diferença entre um homem distinto e essa massa de destintos que é “formadora de opiniões”. sim, porque o jô soares e o arnalado jabor não são homens inteligentes, o pedro bial não é simpático, a glória maria não é uma boa apresentadora (além de sempre errar feíssimo no figurino – aliás, o zeca camargo deveria intervir mais às vezes…), o gilberto mendes não é a panaceia, um saramago ou um garcía márquez não merecem um nobel mais do que um joão guimarães rosa, não, não e não.

enfim, há que se garimpar qualquer distintivo ou insígnia. existe um abismo entre alguém que odeia o bush e alguém que odeia o bush. mas a pós-modernidade, essa invenção retrógrada, reacionária e neoburguesa, nos (a quem, afinal?) fez o grandessíssimo favor de acabar com tudo isso.

então eu digo amém e me calo, que falar ou não falar é mera questão de escolha, ou jogos de poder, ou jogos de linguagem, ou de decisão, ou de criação, ou de qualquer teoria que sustente um discurso. mas isso é moderno, eu sei. e não é isso que, de uma forma ou outra, mantém o pós-moderno em pé?

o que põe em xeque-mate o próprio “pós” do termo em questão.

“após ler esta mensagem, a fada do sexo te visitará em 4 dias”.

o_O