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, e, como havíamos rido muito, tempo houve em que pareceu-me lícito ir além. Mas não sem hesitar. Tranquei-me dentro o quanto pude, pois assusta dar a ver a fina camada de bolor das minhas horas de solilóquio. Não sei se pela tonalidade multicolorida (verde-branca-azul-amarela) ou se, ainda mais confuso, aquele aroma meio putrefato, meio cítrico e refrescante. Quanta ambiguidade há em mim, ambiguidade que nem eu mesmo sei acolher. Mas entrego-a em tuas mãos, meio desastradamente pois ela me escorre pelos dedos. Mas toma-a, toma-a se e como puderes. E, mesmo desastrado, até mesmo se indevido e impertinente, ao menos poder errar diante de ti é um sinal de bonança: pois poucas vezes me foi permitido sonhar em errar com alguém. Abri-me ao abismo do erro quando me abri à tua presença, abismos cuja perpendicular me constitui inteiro enquanto te escrevo.

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